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A mostrar mensagens de 2008

Leituras III

“Alguns dias mais tarde, Banaka fez a sua aparição no café. Completamente bêbado, sentou-se sobre um tamborete do bar, caiu duas vezes, voltou a subir, pediu uma aguardente de cidra e pousou a cabeça no balcão. Tamina percebeu que ele chorava. «O que é que se passa, sr. Banaka?» perguntou ela. Banaka ergueu um olhar lacrimejante e mostrou o peito com o dedo: «Não sou nada, está a perceber! Não sou nada! Não existo!» Depois foi à casa de banho e da casa de banho directamente para a rua, sem pagar. Tamina contou o incidente a Hugo que à laia de explicação, lhe mostrou uma página de jornal em que estavam várias recensões de livros e uma nota de quatro linhas sarcásticas sobre a produção de Banaka. O episódio de Banaka, a apontar o peito com o indicador e a chorar por não existir, lembra-me um verso do Divan ocidental-oriental de Goethe: Estaremos vivos quando vivem outros homens? Na pergunta de Goethe dissimula-se todo o mistério da condição do escritor: o homem , pelo facto de escrever l

Leituras I + 1/2

Servidão Humana é um livro sobre a condição servil do Homem; é um livro sobre escravidão. O Homem como escravo incondicional: do seu corpo - Philip e o seu pé boto e as dificuldade de ser diferente; escravo do amor, do desejo, da atracção irracional e inexplicável; escravo da tradição e da moral - a promessa de sentido no sentido irracional da vida eterna; escravo do futuro, escravo do presente, escravo do passado. Escravo da busca da imortalidade pela arte: a pintura, a literatura. Escravo dessa busca, incessante e jamais satisfeita, do "sentido da vida". Escravo de, apesar de todas as evidências no sentido da incapacidade de o conseguir, querer saber que sentido tem "isto". Escravo de si próprio, sempre, porque escravo do livre arbítrio: "Que preço se pagava para se ser diferente dos animais!" Philip personifica tudo isto de uma forma admirável. 600 páginas de muito mais; um conjunto de novelas e contos, válidos em si mesmos (se separados), mas belissima

Caramba

Even if I am in love with you All this to say, what's it to you? Observe the blood, the rose tattoo Of the fingerprints on me from you Other evidence has shown That you and I are still alone We skirt around the danger zone And don't talk about it later Marlene watches from the wall Her mocking smile says it all As she records the rise and fall Of every soldier passing But the only soldier now is me I'm fighting things I cannot see I think it's called my destiny That I am changing Marlene on the wall I walk to your house in the afternoon By the butcher's shop with the sawdust strewn "Don't give away the goods too soon" Is what she might have told me And I tried so hard to resist When you held me in your handsome fist And reminded me of the night we kissed And of why I should be leaving Marlene watches from the wall Her mocking smile says it all As she records the rise and fall Of every man who's been here But the only one here now is me I'm figh

Leituras II

Interrompi a leitura do Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. Aconteceu-me o que já me tinha acontecido com a leitura do Ensaio sobre a Lucidez : irritação. A maneira como se retrata o estado, o governo, o sistema de saúde - o poder enfim; a facilidade com que tudo aquilo se revela ser uma, até então insuspeitada, chusma de energúmenos é demais para o meu gosto. Quanto àquilo em que o Homem é capaz de se tornar perante uma situação dramática e fora do seu controle já Júlio Cortázar em 1966 o tinha dito muito bem, em muito menos páginas e sem tiques políticos no pequeno conto La autopista del sur . Qualquer dia recomeço se não tiver nada melhor para ler e entretanto vou ver o filme.

Leituras I

“O recém-nascido não concebe que o seu corpo é mais parte de si próprio do que os objectos que o rodeiam, e brinca com os dedos dos pés sem a mínima noção de que lhe pertencem mais do que a sua roca; e é só pouco a pouco, através da dor, que compreende a realidade do corpo. São necessárias experiências idênticas para que o indivíduo se torne consciente de si próprio; contudo há uma diferença: enquanto todos igualmente adquirem consciência do corpo como um organismo completo e separado, nem todos adquirem igualmente a consciência de si próprios como uma personalidade completa e separada. O sentimento de diferenciação dos outros surge para a maioria com a puberdade mas não se desenvolve sempre a um grau tal que torne perceptível ao indivíduo a diferença entre o indivíduo e o seu próximo. São estes, os tão pouco conscientes de si próprios como as abelhas numa colmeia, os afortunados na vida, pois têm os melhores ensejos de felicidade: as suas actividades são partilhadas por todos e os seu

A delicada arte de soltar (*)

«Atingir o alvo é algo secundário para os kyudokas, pelo menos inicialmente. Na arte tradicional japonesa de tiro ao arco, o período formativo de um arqueiro é passado a conciliar a técnica, o físico e o espírito. Os entusiastas do "arco e flecha" necessitam, acima de tudo, de duas qualidades: perseverança e paciência.» «Com o seu dedo indicador, Akira Sato desenha uma linha no tampo da mesa. Segue até uma extremidade que designa o alvo, o qual Sato determina por si próprio, apesar de saber que talvez nunca o atinja, pelo menos, a longo prazo. Porque o kyudo, uma arte tradicional de arco do Japão, é uma disciplina exigente, até mesmo para um professor altamente respeitado como é o seu caso.» (*) Parece tudo muito estranho e incompatível com aquilo a que se chama "sucesso", mas nem sequer foi esta estranheza que me chamou a atenção; foi coisa de linguagem, coisa de palavras. Aparentemente, há uma gralha no texto: "apesar de saber que talvez nunca o atinja [o al

A imortalidade

Artes, engenho, mera força e no entanto a luz emudecente como fragmentos de livro para um léxico incompleto. Logo a apneia involuntária assustadora como se aparecesses mas efémera porque não. Deste alívio se pressente então possível uma validade insubmissa como se o tempo não trespassasse tudo a ver-se mas tu nunca chegares. Caminha-se com ele mas não há desarranjo nos relógios ou nas sirenes das fábricas nem desânimo nas aves que migram. E no entanto a sombra de tudo perfeitamente como é de ser: alfabetos vivos e mortos, até dicionários sem serventia, bibliotecas imensas de saber: um universo de sombras de perfeitas engrenagens. David Augusto Fernandes

Terraplanagem do sentido

" Tenhamos a coragem de admitir, de uma vez por todas, que há um português ortónimo ─ o que se fala e escreve em Portugal ─ e vários portugueses heterónimos (os que se falam no Brasil, em Moçambique, em Angola, etc.) que se falam e que se escrevem. Apagar esta heteronímia, tentar fingir que o português é só um, por via de uma tímida e ridícula unificação ortográfica, é querer tapar o sol com a peneira " Eugénio Lisboa in Jornal de Letras, Artes e Ideias, 13 a 26 de Agosto de 2008 (nº 988) Olhem-me só o desplante do homem; isto é uma heresia: não se pode dizer que há mais do que um "português" como já não se pode dizer: preto, homem, mulher, cigano, casamento, brasileiro (que me lembre assim de repente). A lista de palavras proibidas vai aumentando todos os dias. Não tarda, já só as poderemos trocar em sub-caves nas traseiras de edifícios de subúrbio. Lamentavelmente, as palavras estão na mão de uma horda crescente de "fascistas da palavra politicamen

Letras sob músicas (I)

Vens? Momento de explicação, prova de cálculos vezes conferidos. Um mar chão de coisas impensáveis que de terra sinuosa sempre se poderá dizer subir, descer. Águas passadas, dizia, mas meras correntes ao sabor de uma mais atrevida época geológica ou irremediável breve tropeço da graça. Muito necessárias complicações que jamais sempre se sabe tudo são palavras supérfluas de um gozo que se maquina, inventando como nós. Uma cobardia muito grande: nenhuma árvore ou planta mais rasteira se atrasará no ser maior nem mãe de cria recente se descuidará nos preparos da ceia. Rápidos como ave rápida, o dia amanhece um pouco mais cedo e a noite, claro, que não duvida, lá vai como é de ser em tempos a caminho de uma outra estação. Resoluções como intempéries, como ângulos de asa. Abismos como a suspeição de crer aqui já não estares e ser uma alegria, uma coisa sem pés ou cabeça, uma raíz de saltimbanco. Um nó laço no momento raro de a margem ser de lá e eu ir. Vens? David Au

Amy Winehouse, o génio da lâmpada e o trabalho

Corre mundo a actuação de Amy Winehouse no Rock in Rio . O Daniel Oliveira, fino como um alho, à cata de cliques, lá desencantou mais um post polémico com o sugestivo título: “ Genialidade sem excesso? Não temos ”. Aparentemente, génio é sinónimo de excesso e é indissociável de excentricidade. Os fãs, solícitos, correm na defesa da sua menina e arrasam as críticas à sua actuação, legítimas a meu ver, a quem pagou bilhete para assistir a um espectáculo musical e não pôde fazê-lo. Se por um lado lançam inquestionáveis argumentos subjectivos de gosto, por outro atiram razões mais objectivas e menos questionáveis quanto à qualidade vocal da artista bem como da sua originalidade. Qualidade vocal semelhante ou superior, que se conheça, há às dezenas, e escondida, aos milhares certamente; basta acompanhar um desses programas de “Ídolos” para o confirmar. E comportamentos excessivos, excêntricos e originais, há aos milhões. Longe de mim querer assassinar artisticamente Amy Winehouse; nem que q

Estilhaços

morrer de susto deve ser do coração desistir depois de muito tentar sair; e pode até ser de o conseguir. a escola tinha começado há pouco tempo e a professora como todos os dias tinha acabado a correcção das nossas redacções. ia chamar os piores, eu a sonhar e a acreditar que desta vez não era, mas - joão. se não fosse o meu pai no dia antes à noite a zanzar pela cozinha, a minha mãe - despacha-te eu a despachar-me e a letra a ficar mais torta para o final, talvez não fosse chamada. lá fomos eu e mais seis ao quadro, ali muito alinhadinhos senão em vez de duas palmatoadas eram quatro. o carlitos a chorar ainda antes de levar que depois parava, era sempre, e o raio do preto a fazer caretas. lá passou como um temporal fora de época, o vermelho de uma mão qualquer, a princípio a trepar muito depressa pelo braço acima e depois na cara a demorar como o fumo dos aviões lá muito em cima, cada vez mais largo mas muito devagarinho e depois a desaparecer sem se dar por isso. eu cuspia na mão a q

As palavras

"(...) descobrimos que as palavras não começaram por ser abstractas, antes por serem concretas - e suponho que neste caso "concreto" significa quase a mesma coisa que "poético". Consideremos uma palavra como "dreary" [triste]: a palavra "dreary" significava "manchado de sangue". Do mesmo modo, a palavra "glad" [alegre] significava "polido" e a palavra "threat" [ameaça] significava "multidão ameaçadora". Essas palavras que agora são abstractas tiveram outrora um significado forte. Poderiamos prosseguir com outros exemplos: Tomemos a palavra "thunder" [trovão] e contemplemos o deus Thunor, o homólogo saxónico do norueguês Thor. A palavra unor valia para trovão e para deus; mas se tivéssemos perguntado aos homens que vieram para Inglaterra com Hengist se a palavra servia para o ribombar no céu e para o irado deus, não me parece que eles fossem suficientemente subtis para compreenderem

Os filhos da terra

São 5 volumes (*) e contam a história de Ayla, uma menina Cromagnon (humana tal como conhecemos o homem, hoje) que com 5 anos, depois de uma calamidade sísmica que mata toda a sua tribo (família, clã), se vê obrigada a meter pés a caminho. Nessa busca de sobrevivência, encontra um clã de Neandertais, (se bem se lembram, uma espécie menos evoluída(?!), anterior aos Cromagnon) que também se viram na necessidade de procurar uma nova caverna. É adoptada por estes e fica a cargo de Iza, a curandeira do clã, que a vai iniciar na sua arte. Não é uma obra literariamente inesquecível, mas a descrição desta nossa terra há 25000 anos atrás, é maravilhosa: um mundo sem .... praticamente tudo o que sabemos que um mundo "deve" ter. Um mundo puro. Estou a terminar o primeiro volume e mal posso esperar por pegar no segundo, terceiro .... Um cheirinho do que se pode ler, e do que faz pensar: ----------------------- "Quando regressavam, Ayla deteve-se apontando uma erva com flores azuis,

George Oppen - 100 anos

Faria amanhã, 24 de Abril, 100 anos. Chama-se George Oppen e é um homem e um poeta extraordinário. Filho de um muuuuito abastado comerciante de diamantes, nunca precisou da massa do papá. A mãe suicidou-se tinha ele 4 anos, o pai casou segunda vez e pelos vistos a madrasta não era flor que se cheirasse. Isto marcou-o para sempre. Foi expulso do liceu e na universidade, apaixonou-se (para toda a vida) por Mary Colby mas logo na primeira saidinha à noite chegaram tarde demais. Ela foi expulsa, ele suspenso. Casam, abandonam a universidade e a cidade (Oregon) e correm os Estados Unidos à boleia, fazendo ao longo do caminho pequenos trabalhos temporários aqui e ali. É nesta época que escreve os primeiros poemas e, com a ajuda de uma pequena herança, fundam uma editora que pouco tempo depois falia não sem antes publicar obras de William Carlos Williams e Ezra Pound. Início da década de 1930 e da grande depressão. Em face dos problemas sociais e do crescimento do fascismo, tornam-se cada vez

Os lados

Primeiras linha da crónica de Gonçalo M. Tavares na última VISÃO: "Não te leves demasiado a sério, mas leva a sério o mundo. 1. Cobarde: a) aquele que tem medo b) aquele que tem medo de mostrar que tem medo. 2. Corajoso: a) aquele que tem coragem b) aquele que tem medo de mostrar que tem medo." A crónica continua e vale a pena ser lida, mas se acabasse por aqui quase tudo estava dito.

Não, não é isto

This is not America (Letra e música: David Bowie and Pat Metheny) A little piece of you The little peace in me Will die For this is not America Blossom fails to bloom This season Promise not to stare Too long For this is not the miracle There was a time A storm that blew so pure For this could be the biggest sky And I could have The faintest idea For this is not America Snowman melting From the inside Falcon spirals To the ground So bloody red Tomorrow's clouds A little piece of you The little piece in me Will die For this is not America There was a time A wind that blew so young For this could be the biggest sky And I could have the faintest idea For this is not America This is not america, no, this is not

Do engenho

Rua do Alecrim - Lisboa; fotografia de Tereza Del Pilar Do engenho na esquadria dos edifícios em ruas como a sua própria sombra nas estremas do dia ou as manchas de urina nas paredes; na forma da vizinhança, nos soalhos parados como a água das vasilhas que não são homotetias do rio; na luta surda que por ali não há... David Augusto Fernandes

Ah comunicação, comunicação

"(...) Dou umas aulas de guionismo na Escola Superior de Comunicação Social. Os miúdos são porreiros, mas se uso uma pequena ironia não a entendem, se utilizo um provérbio não sabem o que é, se passo uma rasteira todos caem. E o vocabulário é reduzidíssimo." Mário de Carvalho, em entrevista a um jornal com e de letras. O entrevistador, na pergunta anterior diria, premonitoriamente, a propósito de palavras de Umberto Eco, o seguinte: "Por isso, com certa ironia, ele conclui que a televisão é o media mais democrático porque nivela e formatiza tudo e todos... por baixo.".

Os tops dos super-pops

Não tenho muitas certezas sobre este assunto. Parece-me contudo que a poesia nunca terá o mercado da prosa (oh grande novidade - esta cabeça....). E, a meu ver, o problema não está na educação; aliás a educação não incentiva nenhum tipo de leitura, e nisso a prosa é tão mal amada quanto a poesia. Há mitos que nunca se hão-de eliminar como por exemplo, acreditar que se chama um miúdo para a poesia através dos Lusíadas. Não pode ser. Mercado é retorno (valorizado) de investimento. Mercado é falsidade, engodo, engano. O mercado chegou à prosa há muito tempo: veja-se a quantidade lamentável de sucedâneos do lamentável "Código"!!! Expliquem-me porque se vendem aos milhares coisas como "Os pilares da terra" do Ken Follett (que eu também li sim senhor e que diverte muito, ok) mas não se vendam ao menos umas centenas de, por exemplo, "A casa do pó" e demais notáveis romances do Fernando Campos. Dou este exemplo apenas porque, podemos dizer que são "do mesmo t

Acompanhante: pai

José Luís Peixoto escreve agora uma crónica na VISÃO. Começou esta semana. Alguém que escreve assim, fica autom a ticamente [era aqui o gato] perdoado de qualquer pequena ou grande falta; faz-me sentir indigno de apontar um cabelo fora do lugar. Dois extractos: "Assistirmos ao sofrimento do nosso filho é estarmos em carne viva por dentro, é não termos pele, é um incêndio a arder no mundo inteiro, mesmo no mundo inteiro. E cada som do nosso filho a sofrer é silêncio em brasa, é a cabeça cheia de silêncio em brasa, o peito cheio, incandescente, o mundo inteiroem brasa." (...) "É então que a mãe e eu sentimos que nascemos em dias específicos,em lugares específicos e avançamos por caminhos, fizemos escolhas,tivemos vocações e segredos apenas para nos encontrarmos neste menino que dorme diante de nós, e que é o rosto da nossa alma."

Os prémios, os prémios

Os prémios de literatura voltam a estar na ordem do dia. José Luís Peixoto venceu o Prémio Daniel Faria e nada se pode questionar que logo atiram a etiqueta da inveja, essa coisa feia. O facto de ser um Prémio que visa incentivar o aparecimento de novos poetas, nada diz a ninguém, a não ser "invejoso". As palavras do jurado Jorge Reis-Sá, editor das Quasi, que publicará a obra vencedora, dizem bem da falta de senso de que enfermam algumas cabeças: “Foi mesmo uma grande surpresa, mas uma surpresa boa, porque vem dar força e credibilidade ao prémio." Eu pensava que surpresa, surpresa, surpresa mesmo boa, seria encontrar um novo valor, não?? Não daria, isso sim, mais força e credibilidade ao prémio? Parece que não. "Durante a leitura dos originais, já tinha suspeitado que se tratava de um autor experiente, com grande domínio da linguagem e das técnicas de escrita, e não alguém que envia o seu primeiro livro." Pergunto: é isto um incentivo a quem "envia o seu

Imperdível

PHILOCTETES CENTER - THE MULTIDISCIPLINARY STUDY OF IMAGINATION Mesas redondas sobre, por exemplo: - Our Life in Poetry: New Poets/New Poetics - Weather and Imagination - Our Life in Poetry: Emily Dickinson - Transformations: How Fairy Tales Cast Their Spell

Descubra as diferenças

Enquanto Portugal vende o seu património cultural para tremoços, condomínios de luxo e outras coisas muito Ocidentais e evoluídas; enquanto em Portugal (uma república) se discute, coisa espantosa, a monarquia. Enquanto Portugal se mostra ao mundo com futebóis, AllGarves e WestCoasts, Espanha faz assim (deve ser do conservadorismo patriótico, retrógrado e monárquico). Merda; estou um bocadinho triste

Phonix!!!!

O youtube é uma daquelas coisas como as cerejas . Está bem feito; é como dizem os espanhóis, adictivo. Só aquela capacidade de associação me fez saltar disto para um Paul Simon (que não chupo nem à lei da bala) nas suas " 50 maneiras de deixares o teu amor ". Ponto em comum, lei mais forte que a da bala: um improvável Steve Gadd , senhor que, diz-se, criou o disco beat ... e não é como as cerejas, é mais como o Vinho do Porto.

Antes de nós

A rotação do pulso no virar do tempo para uma aferição aproximada do longe antes do metódico aconchego dos óculos a aclarar a voz; o passo diferente sobre a sombra pastel ao abrigo da aresta entre o passeio e a soleira: cimento e mármore, linha real de uma mudança de estado depois imaginado. David Augusto Fernandes

Apontamentos desconexos

Há pessoas sobre as quais se pode dizer tudo: têm uma vida recta, pode-se contá-la com facilidade. Tudo é correcto e sem dias estranhos, sem gostos inoportunos, sem indecisões. Há contudo outras que pela inconstância, paixão, impulso, fazem das suas vidas (voluntária ou involuntáriamente) histórias impossíveis de contar com razoabilidade. Mas têm momentos de puro brilho explosivo: 2 minutos apenas que nunca mais se esquecem. Diz-se que são livros difíceis; diz-se muito isso. Talvez como livros de poesia, digo eu. “A ordem natural das coisas” de António Lobo Antunes (Dom Quixote, 1992) é como uma daquelas pessoas; é como uma filigrana tridimensional, um cubo de bilros; maciço mas como diria quem o visse impresso em papel transparente. Ao pé dele, um “Todo-o-mundo” de Phillip Roth, autor de quem Lobo Antunes é confesso admirador, é uma brincadeira. No entanto ...

Os Lusíadas em números

Os substantivos mais utilizados n' Os Lusíadas são: gente (220) terra (216) rei (194) mar (187) mundo (103) céu (81) reino (77) Há 1750 inícios de verso distintos e os mais frequentes são: Que (779) E (439) A (347) De (334) O (292) Mas (221) Por (181) Com (177) Os (155) Não (149) Gente , é o substantivo mais frequentemente usado como início de verso. Há 9 versos começados com Gente . Camões utiliza um vocabulário de 8786 palavras sendo que a obra é composta por um total de 52917 palavras. A palavra não aparece 556 vezes enquanto a palavra sim não aparece nenhuma. Quem quiser saber mais coisas, pergunte.

Dúvidas

Porque vemos as livrarias pejadas com: e não com: