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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2008

Terraplanagem do sentido

" Tenhamos a coragem de admitir, de uma vez por todas, que há um português ortónimo ─ o que se fala e escreve em Portugal ─ e vários portugueses heterónimos (os que se falam no Brasil, em Moçambique, em Angola, etc.) que se falam e que se escrevem. Apagar esta heteronímia, tentar fingir que o português é só um, por via de uma tímida e ridícula unificação ortográfica, é querer tapar o sol com a peneira " Eugénio Lisboa in Jornal de Letras, Artes e Ideias, 13 a 26 de Agosto de 2008 (nº 988) Olhem-me só o desplante do homem; isto é uma heresia: não se pode dizer que há mais do que um "português" como já não se pode dizer: preto, homem, mulher, cigano, casamento, brasileiro (que me lembre assim de repente). A lista de palavras proibidas vai aumentando todos os dias. Não tarda, já só as poderemos trocar em sub-caves nas traseiras de edifícios de subúrbio. Lamentavelmente, as palavras estão na mão de uma horda crescente de "fascistas da palavra politicamen

Letras sob músicas (I)

Vens? Momento de explicação, prova de cálculos vezes conferidos. Um mar chão de coisas impensáveis que de terra sinuosa sempre se poderá dizer subir, descer. Águas passadas, dizia, mas meras correntes ao sabor de uma mais atrevida época geológica ou irremediável breve tropeço da graça. Muito necessárias complicações que jamais sempre se sabe tudo são palavras supérfluas de um gozo que se maquina, inventando como nós. Uma cobardia muito grande: nenhuma árvore ou planta mais rasteira se atrasará no ser maior nem mãe de cria recente se descuidará nos preparos da ceia. Rápidos como ave rápida, o dia amanhece um pouco mais cedo e a noite, claro, que não duvida, lá vai como é de ser em tempos a caminho de uma outra estação. Resoluções como intempéries, como ângulos de asa. Abismos como a suspeição de crer aqui já não estares e ser uma alegria, uma coisa sem pés ou cabeça, uma raíz de saltimbanco. Um nó laço no momento raro de a margem ser de lá e eu ir. Vens? David Au