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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2007
Se um poema existe apenas na leitura, então, devo dizer que há poemas sem sentido. Nada. Não apontam nada, sítio nenhum. Uma coisa inútil. Uma lástima. Claro que ao poeta (o autor, o criador) não se lhe podem assacar responsabilidades. Não acho que seja questão de ter ou não ter respeito pelo poeta. Como em poucas actividades, não é fácil (pelo menos a mim) descobrir um falsário. Aí talvez fizesse sentido a questão do respeito ou desrespeito. Não é o caso. Não é fácil, mas também não é impossível. A poesia é liberdade, arrisco: do poeta e do leitor; estão muito bem assim cada um no seu fazer e se o acaso aparece de permeio, seja bem vindo. Cito George Oppen que numa entrevista, falando de Ezra Pound (que dizia que a poesia devia ser tão boa como a prosa) disse mais ou menos o seguinte: "a poesia deve ser tão boa como a prosa, etc." Esta era a frase de Pound à qual Oppen acrescenta: "deve aliás ser tão boa quanto o silêncio absoluto". Acrescento que George Oppen fale
A maravilha dos livros Há livros que maravilham. Uns inteiros outros menos. Algumas vezes nem se sabe bem porquê. É assim. "Hoje não" do José Luís Peixoto, editado pelas Quasi (1) e distribuido baratinho com a revista Sábado (2) reune seis contos, cinco deles anteriormente publicados no Jornal de Letras, apresentando este volume versões revistas dos mesmos. Este livro, não é um daqueles que maravilha inteiro, tão pouco é daqueles que deixa marca nas células do corpo que nasceram durante a sua leitura. Seja como for é um livro delirante, absolutamente delirante. Veja-se bem o que podemos ficar a saber ao lê-lo: "O que fazer quando se recebe um avião comercial de passageiros" "Como reagir à queda súbita de todos os dentes" "Como comunicar com a melhor poetisa do Quirguistão" "Quem inventou o :)" O que me leva a escrever algo sobre este livro são duas frases (duas!!!) no conto ":-) e :-(", precisamente o único inédito. "
1 - O que farias se te dissessem: tens 1 minuto de vida? - Respirar como sempre faço. E decerto que não ia pensar nisso. É uma resposta consequente: aparentemente, em 1 minuto não é possível fazer muita coisa; provavelmente, não seria sequer suficiente para pensar na situação. E essa é a questão: não há forma de se saber se vale ou não a pena pensar.