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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2008

Ah comunicação, comunicação

"(...) Dou umas aulas de guionismo na Escola Superior de Comunicação Social. Os miúdos são porreiros, mas se uso uma pequena ironia não a entendem, se utilizo um provérbio não sabem o que é, se passo uma rasteira todos caem. E o vocabulário é reduzidíssimo." Mário de Carvalho, em entrevista a um jornal com e de letras. O entrevistador, na pergunta anterior diria, premonitoriamente, a propósito de palavras de Umberto Eco, o seguinte: "Por isso, com certa ironia, ele conclui que a televisão é o media mais democrático porque nivela e formatiza tudo e todos... por baixo.".

Os tops dos super-pops

Não tenho muitas certezas sobre este assunto. Parece-me contudo que a poesia nunca terá o mercado da prosa (oh grande novidade - esta cabeça....). E, a meu ver, o problema não está na educação; aliás a educação não incentiva nenhum tipo de leitura, e nisso a prosa é tão mal amada quanto a poesia. Há mitos que nunca se hão-de eliminar como por exemplo, acreditar que se chama um miúdo para a poesia através dos Lusíadas. Não pode ser. Mercado é retorno (valorizado) de investimento. Mercado é falsidade, engodo, engano. O mercado chegou à prosa há muito tempo: veja-se a quantidade lamentável de sucedâneos do lamentável "Código"!!! Expliquem-me porque se vendem aos milhares coisas como "Os pilares da terra" do Ken Follett (que eu também li sim senhor e que diverte muito, ok) mas não se vendam ao menos umas centenas de, por exemplo, "A casa do pó" e demais notáveis romances do Fernando Campos. Dou este exemplo apenas porque, podemos dizer que são "do mesmo t

Acompanhante: pai

José Luís Peixoto escreve agora uma crónica na VISÃO. Começou esta semana. Alguém que escreve assim, fica autom a ticamente [era aqui o gato] perdoado de qualquer pequena ou grande falta; faz-me sentir indigno de apontar um cabelo fora do lugar. Dois extractos: "Assistirmos ao sofrimento do nosso filho é estarmos em carne viva por dentro, é não termos pele, é um incêndio a arder no mundo inteiro, mesmo no mundo inteiro. E cada som do nosso filho a sofrer é silêncio em brasa, é a cabeça cheia de silêncio em brasa, o peito cheio, incandescente, o mundo inteiroem brasa." (...) "É então que a mãe e eu sentimos que nascemos em dias específicos,em lugares específicos e avançamos por caminhos, fizemos escolhas,tivemos vocações e segredos apenas para nos encontrarmos neste menino que dorme diante de nós, e que é o rosto da nossa alma."

Os prémios, os prémios

Os prémios de literatura voltam a estar na ordem do dia. José Luís Peixoto venceu o Prémio Daniel Faria e nada se pode questionar que logo atiram a etiqueta da inveja, essa coisa feia. O facto de ser um Prémio que visa incentivar o aparecimento de novos poetas, nada diz a ninguém, a não ser "invejoso". As palavras do jurado Jorge Reis-Sá, editor das Quasi, que publicará a obra vencedora, dizem bem da falta de senso de que enfermam algumas cabeças: “Foi mesmo uma grande surpresa, mas uma surpresa boa, porque vem dar força e credibilidade ao prémio." Eu pensava que surpresa, surpresa, surpresa mesmo boa, seria encontrar um novo valor, não?? Não daria, isso sim, mais força e credibilidade ao prémio? Parece que não. "Durante a leitura dos originais, já tinha suspeitado que se tratava de um autor experiente, com grande domínio da linguagem e das técnicas de escrita, e não alguém que envia o seu primeiro livro." Pergunto: é isto um incentivo a quem "envia o seu

Imperdível

PHILOCTETES CENTER - THE MULTIDISCIPLINARY STUDY OF IMAGINATION Mesas redondas sobre, por exemplo: - Our Life in Poetry: New Poets/New Poetics - Weather and Imagination - Our Life in Poetry: Emily Dickinson - Transformations: How Fairy Tales Cast Their Spell

Descubra as diferenças

Enquanto Portugal vende o seu património cultural para tremoços, condomínios de luxo e outras coisas muito Ocidentais e evoluídas; enquanto em Portugal (uma república) se discute, coisa espantosa, a monarquia. Enquanto Portugal se mostra ao mundo com futebóis, AllGarves e WestCoasts, Espanha faz assim (deve ser do conservadorismo patriótico, retrógrado e monárquico). Merda; estou um bocadinho triste

Phonix!!!!

O youtube é uma daquelas coisas como as cerejas . Está bem feito; é como dizem os espanhóis, adictivo. Só aquela capacidade de associação me fez saltar disto para um Paul Simon (que não chupo nem à lei da bala) nas suas " 50 maneiras de deixares o teu amor ". Ponto em comum, lei mais forte que a da bala: um improvável Steve Gadd , senhor que, diz-se, criou o disco beat ... e não é como as cerejas, é mais como o Vinho do Porto.

Antes de nós

A rotação do pulso no virar do tempo para uma aferição aproximada do longe antes do metódico aconchego dos óculos a aclarar a voz; o passo diferente sobre a sombra pastel ao abrigo da aresta entre o passeio e a soleira: cimento e mármore, linha real de uma mudança de estado depois imaginado. David Augusto Fernandes

Apontamentos desconexos

Há pessoas sobre as quais se pode dizer tudo: têm uma vida recta, pode-se contá-la com facilidade. Tudo é correcto e sem dias estranhos, sem gostos inoportunos, sem indecisões. Há contudo outras que pela inconstância, paixão, impulso, fazem das suas vidas (voluntária ou involuntáriamente) histórias impossíveis de contar com razoabilidade. Mas têm momentos de puro brilho explosivo: 2 minutos apenas que nunca mais se esquecem. Diz-se que são livros difíceis; diz-se muito isso. Talvez como livros de poesia, digo eu. “A ordem natural das coisas” de António Lobo Antunes (Dom Quixote, 1992) é como uma daquelas pessoas; é como uma filigrana tridimensional, um cubo de bilros; maciço mas como diria quem o visse impresso em papel transparente. Ao pé dele, um “Todo-o-mundo” de Phillip Roth, autor de quem Lobo Antunes é confesso admirador, é uma brincadeira. No entanto ...