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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2005
Elogio da solidão Pode demorar muito tempo a descobrir-se aquela parte do corpo - inteiro - que incumbe a distância de zelar pelo amor - na falta de palavra mais exacta -, mas cedo ou tarde - e a oportunidade do momento não depende de coisa alguma - vai dar, de si, notícia de existência. É de um desses pedaços de ser que fala quem diz: conheço-te tão bem!
COISAS QUE SE DIZEM Chegar de automóvel a uma cidade estranha é para mim o momento de pânico culminante de, pelo menos, três dias de sofisticados cálculos relacionados com distâncias, conversões numéricas de decimais para sexagesimais e vice-versa, médias horárias e outras variáveis impossíveis de determinar, talvez por isso chamadas de variáveis. Conduzir um automóvel numa cidade grande e estranha não é das minhas actividades preferidas. Ainda menos porque preciso de ler as placas toponímicas das ruas sem me distrair o suficiente para me deparar com a surpresa de um automóvel parado no meu caminho, tarde demais, demasiado perto. Em primeiro lugar, é difícil ler os nomes das ruas gravados nas suas placas, à distância a que passo delas. E depois porque, conseguindo ler um deles, tenho que olhar o mapa que sempre me acompanha nestas aventuras de modo a conseguir localizar-me no todo mais geral da grande cidade. Canso-me sempre muito depressa deste vaivém de olhares e então dou início à b
Está outra vez a recuar! Irrita-me muito o céu tão claro neste chão sem sombra de nuvem. ¿Pode a mão tocar a mão e não ser linha de domínio esse mais longe que alcança se só um rio que eu     - que tu - conheço faz     - mas ele antigo     e grande,     e muito forte,     e insciente - das pontes que não podemos alimentar pontes? E se pudéssemos unir as margens a vau, quantas pontes tem um rio seria cardinal irrisório, não? Vê como procuro saídas deste, apenas parte de, tudo o que não se vislumbra. Irrita-me muito o céu claro: que chova muito, que chova muito, e que o rio não sofra com este meu desejo espiralado, minha falta; ele e com ele quantos vivem na procura da corrente contrária, vidas inteiras tão felizes com tão só: - Está outra vez a recuar! David Fernandes
Está por estes dias a passar na rádio um anúncio comercial da TMN em que o lema é: "você vai querer tudo a dobrar". Parece que a TMN está a vender DOIS telemóveis pelo preço de UM. No anúncio uma mulher diz mais ou menos o seguinte: - Pedro! Pedro! - Que foi? - responde o Pedro com voz de quem estava, ou ainda está, a dormir. - Chega pra lá um bocadinho. Estou quase a cair. - Sempre eu, sempre eu, sempre eu ... - responde o Pedro. - Oh! Já pedi ao João mas ele está ferrado. Com o lema do anúncio na cabeça, a gente percebe a boa intenção da ideia. Só que não bate certo. Ora se antes de pedir ao Pedro "pra chegar pra lá", a moça já tinha tentado o mesmo com o João quer isto dizer que está no meio dos dois. Ora estando no meio dos dois como pode estar a cair?? A razão é uma chatice, mas quem não é muito racional dá safanões na vida.