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Ideias para o pai natal

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Seguem-se os primeiros parágrafos destes dois romances de José Rogrigues dos Santos que “roubei” (os extractos) no Jumbo; negritos e sublinhados meus. “Quatro. O velho historiador não sabia , não podia saber , que só lhe restavam quatro minutos de vida. O elevador do hotel aguardava-o de portas escancaradas e o homem carregou no décimo segundo botão . O ascensor iniciou a viagem e o seu ocupante admirou-se ao espelho . Achou-se acabado, viu-se calvo no topo da cabeça, apenas tinha cabelo por trás das orelhas e na nuca ; e eram cabelos gastos, alvos como a neve, tão brancos quanto a barba rala que lhe escondia a cara magra e chupada , riscada por rugas profundas, arreganhou os lábios e analisou os dentes desalinhados, amarelos de tão baços , com excepção dos falsos que lhe tinham sido implantados, eram esses os únicos que respiravam uma saúde nívea de marfim. Três. Um tim suave foi a forma encontrada pelo elevador para lhe anunciar que tinha chegado ao destino, era favor o ocupant...

Matrix

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Os quilolitros de preto, as toneladas de pasta de árvore, os quilowatts de pensamentos consumidos com a sandice Chavez vs. Juan Carlos só me dão para pensar numa recente entrevista que Carlos Fiolhais deu, salvo erro, ao JN. Perguntava-lhe o entrevistador: - Alguma vez a Inteligência Artificial poderá ser tão totalizante como nessa fábula cinematográfica? ( sobre o filme Matrix ) Resposta do físico: - Não. Eu tenho mais medo da estupidez natural do que da inteligência artificial.

Ordem de trabalhos

falemos em caligrafia e em silêncio falemos de como há tempo na intermitência da luz e de como os pássaros vingam nem sempre falemos de ontem da vibração dos edifícios e de como as cores se concentram em volta falemos de grandezas absolutas tomemos horas e aviemo-nos de caminho David Augusto Fernandes

Travian: romanos, gauleses e teutões

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Chama-se e é um jogo. O objectivo é criar, desenvolver e expandir uma aldeia. Saquear uma aldeia vizinha é apenas umas das formas de aumentar os stocks de cereais, madeira, ferro e barro. Criar ou juntar-se a uma aliança com outras aldeias é também possível. À primeira vista é um jogo complicadíssimo. Nada mais errado: a forma gradual como as "coisas" nos vão aparecendo como que nos ajuda a ir percebendo o funcionamento do jogo sem stress. Para jogar basta um browser e, claro, acesso à internet. Não custa um centavo, não exige praticamente atenção e é muito divertido. Uma aldeia O centro da aldeia As redondezas Relatório de um ataque Interessado?? Clique aqui (se se registar a partir deste link eu ganho alguma coisita para a minha própria aldeia; preferindo o link directo sem benesses para moi méme, clique aqui ) Registe-se e experimente. Vá seguindo as dicas que o próprio sistema lhe vai fornecendo e, tendo tempo, procure informação ... no google por exemplo; "é aos mil...

Porque compro alguns livros

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"Quero deixar memórias dos dias que não foram, lembrança do tempo roubado e do torvelinho de emoções que agitou aqueles dias sem sol nem noite. Não quero falar da dor, só o necessário. A dor continua aí, encolhida, como um animal adormecido que às vezes acorda. Mas o sofrimento tem algo de impúdico quando se torna público. Ninguém quer enfrentar o horror, a ninguém agrada recordá-lo. Essa é sempre a vantagem do verdugo: as suas obras são tão horríveis que rapidamente caem no esquecimento." "Os demónios à minha porta" José Manuel Fajardo

Isto sim, é um espectáculo

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Enquanto o Ricardo Costa, acometido de um inusitado ataque de autismo, perdia o sono a pensar na maneira mais eficiente de aumentar a velocidade da sua fuga em frente, o Destak fazia umas contas. Nem era preciso, toda a gente sabe: as prestações do crédito à habitação cresceram 20% nos últimos dois anos . Se pensarmos em quanto cresceram os salários .... pois é. Por isso, políticos, jornalistas da especialidade e demais mentirosos, peguem nas vossas continhas sobre a inflação e o poder de compra e metam-nas num sítio que eu cá sei. Imagem de uma cratera, acredito que, no planeta Marte.

Isto não é espectáculo

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Pedro Santana Lopes abandonou, em directo na SIC-Notícias, entrevista interrompida por (também) directo da chegada de José Mourinho ao aeroporto de Lisboa. A jornalista da SIC Notícias que entrevistou Santana Lopes justificou que a interrupção da entrevista se baseou em critérios editoriais. « Não houve intenção de desrespeitá-lo, tratou-se de uma decisão editorial », afirmou Ana Lourenço à Agência Lusa, sublinhando que a SIC Notícias « é uma estação que trabalha 24 horas » e que a chegada do ex-treinador do Chelsea ao aeroporto de Lisboa era « um assunto da actualidade que fazia parte do alinhamento ». Lá que a chegada de José Mourinho era “um assunto da actualidade” não há dúvida, tanto que aconteceu!!! Agora, que fazia parte do alinhamento!?!?!?. Uau. Porquê? Algumas hipóteses: 1) Precisar a hora exacta da chegada? 2) Perguntar-lhe de onde vinha e/ou para onde ia? 3) Como tinha decorrido a viagem? 4) Verificar se viajava sozinho ou se, pelo contrário, era acompanhado pela mulher e/o...

Palavras impossíveis de aturar

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Confesso: há palavras que me irritam e inalienável é uma delas. Inalienável soa-me a dogma, a sim porque sim, não porque não, em suma: a argumento dos sem argumento. Hoje na TSF : " Os trabalhadores desta empresa (Valorsul) responsável pelo tratamento do lixo nos concelhos de Lisboa, Loures, Vila Franca de Xira, Amadora e Odivelas não estão a cumprir os serviços mínimos exigidos num protesto contra a discrepância de aumentos dados à administração (30 por cento) e aos funcionários (1,5 por cento). " " Em declarações à TSF, o sindicalista Delfim Mendes confirmou que a paralisação está a ter uma adesão de 80 por cento entre os cerca de 260 trabalhadores da Valorsul e que está terá consequências visíveis na acumulação de lixo nas próximas horas." Sabe-se: 1. O direito à greve é um daqueles inalienáveis. 2. A obrigação de serviços mínimos é alienável. 3. A vergonha de políticos e sindicalistas há muito foi alienada: aqueles a troco de votos, estes a troco de números (que...

E para final conversa ...

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Ele há mil e uma maneiras de manter uma conversa sem sentido, m as muito menos de a terminar de forma inequívoca. A propósito dos malfadados livros que não mudaram vidas, Abel Barros Batista (que eu infelizmente não conheço) citado pela Carla Quevedo (que eu também infelizmente não conheço) no bomba-inteligente diz: "A única maneira de tornar a conversa aceitável, digamos assim, seria propor a quem nos dissesse que certo livro não lhe mudou a vida: « Bom, vamos lá então saber que vida tem sido a sua… »" Genial.

A poesia

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David Augusto Fernandes

A mulher mais sexy do universo

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No próximo dia 4 de Outubro faz 61 aninhos. Credo!!!!!!!!
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Anda por aí uma corrente sobre “10 livros que não mudaram a minha vida” a gerar grande debate. Tendo em conta o estatuto da maior parte dos “aderentes”, muitas das suas respostas são, no mínimo, surpreendentes; há quem as ache chocantes. Coloquei-me na posição de convidado da corrente e pus-me a olhar para as estantes aqui ao lado e não encontro um único que me tenha mudado a vida. Não são muitos; serão talvez uns 500 livros. Comparada com a biblioteca de qualquer um deles é ... miserável. É pois da esfera da lógica o problema que me assalta os miolos: como escolher (sim, trata-se de escolha) 10. Só vejo uma possibilidade: são os 10 livros que melhor não-mudaram a minha vida (os que possuem algo que os diferencia dos outros que também não-mudaram, só que menos, em menor grau portanto. Pergunto: não deverão ser estes os escolhidos?!?! Concordo com alguém (esqueci onde, peço desculpa) que disse que a pergunta era irrespondível. É, também me parece. Assim como me parece, estranhamente, tr...
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Américo de Sousa, no “retórica”, fala sobre a “ prioridade das impressões sobre as ideias ”. É um assunto que me interessa bastante, na verdade, desde que li o Edgar Morin no “As grandes questões do nosso tempo” onde, muito no início, fala de “a componente alucinatória da percepção”. Morin ilustra a ideia com um episódio vivido por ele próprio ao presenciar um acidente de viação em que um “2 cavalos”, passando indevidamente um sinal vermelho , chocou contra um motociclista. Morin confessa que juraria por tudo que o “2 cavalos” tinha passado o sinal vermelho. Acontece que pouco depois pôde comprovar com outras pessoas que presenciaram o mesmo acidente que, de facto, tal não tinha acontecido: de facto, quem havia passado no vermelho tinha sido o motociclista. Morin explica depois qual pensa ser o motivo da sua alucinada percepção, nomeadamente, a tendência para ajudar os mais fracos perante os mais fortes, etc. Não se pode dizer que o caso da jovem entrevistada, de que Américo de Sousa ...
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um mundo possível de todos os lugares longe como ontem tu és talvez o mais próximo; sei-o porque estendo e sinto-te o contorno fronteira inviolada. mas um corpo é um país sem língua conhecida a viver em desgoverno por isso os gestos e os equívocos são muito necessários. recuaremos ao tempo da formação das ilhas, da medição dos espaços com aparelhos imprecisos, do fogo a forjar objectos nunca vistos; recuemos até antes das florestas quando paisagem não se dizia assim. David Augusto Fernandes
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Larry Craig é (era) senador republicano há 16 anos consecutivos. Era, porque se demitiu; parece que foi apanhado em comportamento impróprio com um polícia à paisana no urinol do aeroporto de Minneapolis. A historieta, enfim, tem contornos de delírio. Então um senador de 62 anos, conhecido pela sua luta contra os casamentos gay, oposição à presença de homosexuais nas forças armadas, é apanhado num urinol de um aeroporto (não é na casa de banho; é no urinol) em comportamentos impróprios com outro homem? Não teria o homem forma mais discreta de saciar o seu gosto por "maçaroca" - na expressão de Eduardo Pitta? Parece que o senador foi conduzido à polícia, se declarou culpado de “conduta lasciva” e pagou uma multa de 500 dolares. Eh pá; eu até nem sou nada de teorias conspirativas, mas que a história me soa estranha, lá isso soa. Enfim, o tipo demitiu-se e portanto, raciocínio consequente, assume a sua condição. Eduardo Pitta não só dá eco à estória, como contextualiza o episódi...
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O Vento Posso ouvir o vento passar assistir à onda bater mas o estrago que faz a vida é curta pra ver... Eu pensei que quando eu morrer vou acordar para o tempo e para o tempo parar. Um século, um mês, três vidas e mais um passo pra trás? Por que será? ...vou pensar. - Como pode alguém sonhar o que é impossível saber? - Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer e isso, eu vi, o vento leva! - Não sei mas sinto que é como sonhar que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer... e isso por que? Diz mais! Uh, se a gente já não sabe mais rir um do outro meu bem então o que resta é chorar e talvez, se tem que durar, vem renascido o amor bento de lágrimas. Um século, três, se as vidas atrás são parte de nós. E como será? O vento vai dizer lento o que virá e se chover demais a gente vai saber, claro de um trovão, se alguém depois sorrir em paz. Só de encontrar... ah!... Rodrigo Amarante Los Hermanos
20 minutos sem nada de especial para fazer: "Paranoimia" - The Art of Noise "Cruel Summer" - Bananarama "Manic Monday" - The Bangles "Can't stop the Ranch"- Bunnyranch "Talking Hearts" - Carla Bley São Vicente di longe" - Cesária Évora A ordem é alfabética. Isto deve querer dizer alguma coisa.
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Passo todos os dias pela livraria depois de almoçar. Agora ando atrás de livros/revistas/sites sobre vela. Pois é; vou construir um veleiro e correr mar. Adiante. Passo pela livraria e hoje havia “novidade”: PÂNICO de Jeff Abbott. Na capa do livro pode ler-se: “Um dos melhores livros do ano” e quem o diz é Harlan Coben . Espantosas coisas se dizem ... e a gente nem refila. Como é possível alguém, mesmo que seja Harlan Coben (seja ele quem for), dizer semelhante coisa? Não é o raio do artigo indefinido que me irrita. É o facto de Harlan Coben ter lido TODOS os livros do ano. Adenda às 16:46 Pensando melhor, afinal não precisa de ter lido TODOS os livros. Num certo sentido o que ele diz é uma verdade absoluta. Imaginemos que no ano se publicaram 10000 livros. O pior deles, é ainda assim um dos melhores; mais precisamente o 10000º melhor.
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Se um poema existe apenas na leitura, então, devo dizer que há poemas sem sentido. Nada. Não apontam nada, sítio nenhum. Uma coisa inútil. Uma lástima. Claro que ao poeta (o autor, o criador) não se lhe podem assacar responsabilidades. Não acho que seja questão de ter ou não ter respeito pelo poeta. Como em poucas actividades, não é fácil (pelo menos a mim) descobrir um falsário. Aí talvez fizesse sentido a questão do respeito ou desrespeito. Não é o caso. Não é fácil, mas também não é impossível. A poesia é liberdade, arrisco: do poeta e do leitor; estão muito bem assim cada um no seu fazer e se o acaso aparece de permeio, seja bem vindo. Cito George Oppen que numa entrevista, falando de Ezra Pound (que dizia que a poesia devia ser tão boa como a prosa) disse mais ou menos o seguinte: "a poesia deve ser tão boa como a prosa, etc." Esta era a frase de Pound à qual Oppen acrescenta: "deve aliás ser tão boa quanto o silêncio absoluto". Acrescento que George Oppen fale...
A maravilha dos livros Há livros que maravilham. Uns inteiros outros menos. Algumas vezes nem se sabe bem porquê. É assim. "Hoje não" do José Luís Peixoto, editado pelas Quasi (1) e distribuido baratinho com a revista Sábado (2) reune seis contos, cinco deles anteriormente publicados no Jornal de Letras, apresentando este volume versões revistas dos mesmos. Este livro, não é um daqueles que maravilha inteiro, tão pouco é daqueles que deixa marca nas células do corpo que nasceram durante a sua leitura. Seja como for é um livro delirante, absolutamente delirante. Veja-se bem o que podemos ficar a saber ao lê-lo: "O que fazer quando se recebe um avião comercial de passageiros" "Como reagir à queda súbita de todos os dentes" "Como comunicar com a melhor poetisa do Quirguistão" "Quem inventou o :)" O que me leva a escrever algo sobre este livro são duas frases (duas!!!) no conto ":-) e :-(", precisamente o único inédito. "...