Palavras impossíveis de aturar
Confesso: há palavras que me irritam e inalienável é uma delas.
Inalienável soa-me a dogma, a sim porque sim, não porque não, em suma: a argumento dos sem argumento.
Hoje na TSF:
"Os trabalhadores desta empresa (Valorsul) responsável pelo tratamento do lixo nos concelhos de Lisboa, Loures, Vila Franca de Xira, Amadora e Odivelas não estão a cumprir os serviços mínimos exigidos num protesto contra a discrepância de aumentos dados à administração (30 por cento) e aos funcionários (1,5 por cento)."
"Em declarações à TSF, o sindicalista Delfim Mendes confirmou que a paralisação está a ter uma adesão de 80 por cento entre os cerca de 260 trabalhadores da Valorsul e que está terá consequências visíveis na acumulação de lixo nas próximas horas."
Sabe-se:
1. O direito à greve é um daqueles inalienáveis.
2. A obrigação de serviços mínimos é alienável.
3. A vergonha de políticos e sindicalistas há muito foi alienada: aqueles a troco de votos, estes a troco de números (que é a única coisa que lhes interessa: níveis de adesão); ambos a troco de tacho.
4. O direito dos cidadãos, completamente alheios ao circo, a não viverem suterrados em imundíce é alienável.
À nossa moda, a greve, por muitas voltas que se lhe dê, é uma chantagem criminosa; não teria a irrisória utilidade que tem se não fosse.
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