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A mostrar mensagens de 2005
Suponho que todos os anos tenham qualquer coisa ... própria, sua, e quando acontece, faz sentido cantar isto. Além de o que diz, é a música sete do disco, apropriada portanto para um ano sete. - I Remember That Nothing sounds as good as "I Remember That" Like a bolt out from the blue, did you feel it too ? - I remember that Name me one little thing, you'll be wanting to keep As you give up the ghost as you sink into sleep Maybe her face in the morning, maybe his in the evening Maybe words never spoken, aren't they the ones worth hearin' ? Say I remember that Nothing sounds as good as "I Remember That" Like a bolt out from the blue, did you feel it too ? - I remember that Nothing sounds as good as "I Remember That" Like a bolt out from the blue, did you feel it too ? - I remember that 'Cos that's all we can have, yes it's all we can trust It's a hell of a ride but a journey to dust And there's nothing pathetic listing clothes...
Aproxima-se o final do ano, época dos votos incumpríveis. E depois de um ano destes, nenhum bom augúrio de melhor. Ainda assim, não há como escapar a prometer coisas impossíveis; é mais forte. Eis então o primeiro, ou último, de alguns pequenos votos: Ser de reflexões mais simples, um reflexo quase genuíno. Andar por aí à chuva numa motoreta com nome e de aparente tudo a teus olhos.
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"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, eu era feliz e ninguém estava morto." Alvaro de Campos
Os hipermercados vendem livros; já se sabe. Cada vez com mais "cuidado". No Jumbo, podemos agora mais facilmente encontrar o que procuramos. Os gajos separaram a oferta em estantes, digamos, temáticas; ajuda. Por exemplo, podemos ver uma estante "Literatura portuguesa", outra "Literatura estrangeira"; é muito cómodo. Estranhei o facto de Augusto Abelaira e o seu "Bolor" aparecer na estante "Literatura estrangeira". Mas percebe-se assim que se lê o texto na contracapa do referido livro: "Augusto Abelaira escapará sempre a qualquer classificação que lhe queiramos atribuir, já que a sua invulgar criatividade o projecta para além de géneros, correntes, geração ou outro contexto em que tentemos perscrutá-lo". Acrescento eu: ou nacionalidade. Mas entende-se! Claro, então está bem. Vá! Podiam tê-lo posto na zona alimentar mas o responsável deve ter achado o título do livro pouco apropriado para figurar ao lado dos yogurtes, ou do pã...
Muitas vezes dou por mim a imaginar o que se passará dentro da cabeça de certas pessoas em determinados momentos das suas vidas. Como por estes dias. Tenho andado a imaginar em que raio estaria a pensar o editor do Dailly Mirror quando decidiu publicar a notícia (acho que até a foto) da modelo Kate Moss a cheirar cocaína. Tenho imaginado que esse editor talvez tenha dito de si para consigo, lá na língua dele, algo como: - "Busted!" Na nossa significa, mais arroba menos quintal: - "Foste apanhada!" ou, mais apropriadamente: - "tás fodida!" Não lamento, mas não consigo parar de "ver" a cara de prazer que o tal editor terá feito; preconceito meu, não lamento. Um turbilhão de consequências advieram da tal notícia. Algumas das empresas (não todas) com as quais a referida modelo tinha contratos publicitários apressaram-se a cancela-los, ou pelo menos a manifestar essa intenção. Fico sempre muito confundido com este tipo de notícias. Pergunto-me ao abri...
Devo andar carente porque me sinto à procura. Falo de livros. E não vou atrás, não porque vá à frente; vou simplesmente à procura. Acho que só se pode ir à procura assim sem ir atrás, tão pouco à frente, de livros de poesia. E o encontro é rápido, é prático, sem sedução: é brutal. Não acredito que se consiga coisa assim num folheio de um romance. "quién no ha buscado el placer nítido? quién no ha intentado organizar un desenlace sin escombros?" Inventário Dos Mario Benedetti Pág. 187 A poesia aborda-me como uma puta: sem rodeios.
SEM FIANÇA. O passadiço indica o mar. Faremos ao contrário, o improvável por garantia: leva-me esquiço a um desses cais de rio como o lugar onde muito sensível à luz se guarda a colecção menino.
CRIAÇÃO Enquanto não for possível dizer: aí, aqui; com as mãos em palmas, bem abertas, continuamos a afastar a água minuciosamente. Talvez saibamos distinguir azul de amarelo sem a lâmina que desconcerta o verde, que não cessa de se lhes insinuar - como um céu em queda abrupta e fina de tão leve ameaça travessia. A horas determinadas por uma luz inimiga hão de ver-se formas como formas de corpos unidos, invejáveis. Ainda assim, talvez saibamos distinguir azul de amarelo: búzios, latas de refrigerante, algas seres secos, cacos de telha impossível de um lado; e alguém a enganar-se: tudo morto, do outro.
minutos depois o horizonte aos poucos vou sabendo mais: menos e menos e pouco antes de saber tudo: nada, ainda então será viver: última ciência. por isso, quando minutos-depois-o-horizonte de onde se avistam muitos mais barcos vivos e se vence ou esquece o horror a gaivotas, não me faltes; dar medida ao inconcebido é como cortar a mão que resta sem auxílio. depois, sim, não mais um-dia, ainda que promessa, pois que em um-dia o tempo inteiro. david fernandes
285 da tua mão Supus ser hoje um dia sete - desses quase raros nem sempre de nove em nove. Quis que te fosse bom, e disse-to. Mas não é. Digo, sete. Não é e não sei porque me pareceu ser, mas tenho as minhas fundadas suspeitas: será porque desejo que todos os dias sejam dias sete; ou porque quero sempre que saibas que existo; ou, e esta é a mais provável das alternativas (também posso ser falso de vez em vez), porque o verdadeiro dia sete, ontem, aparentemente não acabou porque não fechei os olhos no sono ... que nunca te trouxe. Conjecturo que é o próprio sono, ou alguém durante ele, que muda as páginas do calendário. E se assim for, é possível "não-envelhecermos" juntos, já viste? Vem isto a propósito de coisas que não esqueço e que, por sinal, aumentam em número de dia para dia. Sabia bem de onde vinha aquele número que me acompanha há dias, sempre, um número que não é um sete, ou é, segundo disseste, por dentro: o 285. Estive a menos que isto de ler o que está escrito naq...
Elogio da lembrança talvez ao erguer o copo te perguntes: de que lado está o rio? talvez esteja a recuar, hoje. não te preocupes, eu digo-te: caminho de costas para o mar e o rio nestes hojes não recua. está forte como nunca mas eu mais como quando os barcos são mais lentos.
Elogio da solidão Pode demorar muito tempo a descobrir-se aquela parte do corpo - inteiro - que incumbe a distância de zelar pelo amor - na falta de palavra mais exacta -, mas cedo ou tarde - e a oportunidade do momento não depende de coisa alguma - vai dar, de si, notícia de existência. É de um desses pedaços de ser que fala quem diz: conheço-te tão bem!
COISAS QUE SE DIZEM Chegar de automóvel a uma cidade estranha é para mim o momento de pânico culminante de, pelo menos, três dias de sofisticados cálculos relacionados com distâncias, conversões numéricas de decimais para sexagesimais e vice-versa, médias horárias e outras variáveis impossíveis de determinar, talvez por isso chamadas de variáveis. Conduzir um automóvel numa cidade grande e estranha não é das minhas actividades preferidas. Ainda menos porque preciso de ler as placas toponímicas das ruas sem me distrair o suficiente para me deparar com a surpresa de um automóvel parado no meu caminho, tarde demais, demasiado perto. Em primeiro lugar, é difícil ler os nomes das ruas gravados nas suas placas, à distância a que passo delas. E depois porque, conseguindo ler um deles, tenho que olhar o mapa que sempre me acompanha nestas aventuras de modo a conseguir localizar-me no todo mais geral da grande cidade. Canso-me sempre muito depressa deste vaivém de olhares e então dou início à b...
Está outra vez a recuar! Irrita-me muito o céu tão claro neste chão sem sombra de nuvem. ¿Pode a mão tocar a mão e não ser linha de domínio esse mais longe que alcança se só um rio que eu     - que tu - conheço faz     - mas ele antigo     e grande,     e muito forte,     e insciente - das pontes que não podemos alimentar pontes? E se pudéssemos unir as margens a vau, quantas pontes tem um rio seria cardinal irrisório, não? Vê como procuro saídas deste, apenas parte de, tudo o que não se vislumbra. Irrita-me muito o céu claro: que chova muito, que chova muito, e que o rio não sofra com este meu desejo espiralado, minha falta; ele e com ele quantos vivem na procura da corrente contrária, vidas inteiras tão felizes com tão só: - Está outra vez a recuar! David Fernandes
Está por estes dias a passar na rádio um anúncio comercial da TMN em que o lema é: "você vai querer tudo a dobrar". Parece que a TMN está a vender DOIS telemóveis pelo preço de UM. No anúncio uma mulher diz mais ou menos o seguinte: - Pedro! Pedro! - Que foi? - responde o Pedro com voz de quem estava, ou ainda está, a dormir. - Chega pra lá um bocadinho. Estou quase a cair. - Sempre eu, sempre eu, sempre eu ... - responde o Pedro. - Oh! Já pedi ao João mas ele está ferrado. Com o lema do anúncio na cabeça, a gente percebe a boa intenção da ideia. Só que não bate certo. Ora se antes de pedir ao Pedro "pra chegar pra lá", a moça já tinha tentado o mesmo com o João quer isto dizer que está no meio dos dois. Ora estando no meio dos dois como pode estar a cair?? A razão é uma chatice, mas quem não é muito racional dá safanões na vida.
A Ana não me fala há muitos dias e atrás de mim um de dois rapazes fala sobre, como se fosse para, a rapariga que se cruzou connosco antes de entrarmos na escada tão rolante como um automóvel é (há coisas que não entendo). - Ai se fosses minha irmã: tenho medo mana, deixa-me dormir na tua cama. O outro a rir, a dizer qualquer coisa que eu não percebi e eu p'ra mim a corrigir: é mãe; ai se fosses minha mãe. - Sabes lá que bom seria. O outro parou de rir só para dizer outra coisa, ou a mesma, e eu p'ra mim a corrigir: - Mãe. Rolávamos com a escada andar abaixo, sete passos depois as portas de vidro rolariam também para quem quisesse sair dali, e penso na Ana que não me fala há muitos dias porque sei que não faria como eu, p'ra mim sempre a corrigir ou sempre p'ra mim a corrigir; a Ana chama as coisas pelos seus nomes e ninguém precisa de estar p'ra si a corrigir. A Ana diria algo mas não está aqui, também por isso penso nela. Um pouco mais tarde voltei a encontrar os ...