A "máquina" é que manda!
Hoje cruzei-me com o último dos chefes-de-estação a prestar serviço aqui no Castêlo da Maia (há quantos anos!!!)
À minha frente um senhor com alguma idade, talvez reformado, com dificuldade em preencher o impresso do registo mais o cartãozinho cor-de-rosa do aviso de recepção, a pedir ajuda e a senhora funcionária que não podia, que muita gente na fila, e lá se foi o homem com cara de terror e os papéis na mão para preencher sabia lá ele como.
Chegou a minha vez ao som do apito de um quadro com letras electrónicas
Eu, que agora sei como é, mas antes não sabia
O país está em crise e diz-se que é por falta de produtividade; que os portugueses trabalham pouco e que ganham demais para o que produzem.
Talvez seja verdade, ou talvez apenas seja necessário que todos façamos um pouco mais do que nos compete ou pelo qual somos pagos: um pouco de altruísmo, digamos, mas há algo que me confunde.
Sabemos que as estações de caminho-de-ferro já não têm chefes-de-estação, nem agulheiros, nem vendedores de bilhetes; dúvidas? Olhe para os painéis informativos, tente perceber a tabela de preços (e que não apareça o fiscal – que hoje é fiscal no metro mas amanhã estará de plantão à porta de uma fábrica de bolachas ou, com sorte, no terminal de chegadas do aeroporto ou, maravilha das maravilhas, a porta da Women Secret no centro comercial), ou então carregue no botão e espere um pouco para falar por uns buraquinhos de passe-vite com uma voz de menina que ontem esclarecia dúvidas sobre colchões e amanhã atenderá dúvidas sobre tarifários de telemóvel.
Sabemos que as estações de correios já não têm funcionários que ajudem as pessoas a preencher impressos e ouçam 2 minutos de queixas da artrose, mas conseguem explicar com enorme eficiência as ofertas de produtos (chamam-se assim) financeiros da empresa ou de que fala o último livro do Paulo Coelho.
Sabemos que desaparece gente de cada vez maior número de serviços e a que ainda existe é cada vez mais igual a toda a outra gente que ainda existe noutros serviços e que muito bem podia trabalhar nestes.
Se tudo está a ser substituído por máquinas eficientes e profissionais indiferenciados cada vez mais eficientes, pergunto: estamos em crise porquê??
- Como vai a vida, então essa saúde; está com bom aspecto homem! e as folgas que os maquinismos ganham com a idade parece estarem controladas: - Consulta dos olhos p'ra 27 de Julho no S. João; isto já não melhora; vamos a ver se ao menos não piora.e ontem fui à estação dos correios com duas cartas, não conheci ninguém mas a senhora que me atendeu era simpática e gostava de falar, embora falasse pouco.
À minha frente um senhor com alguma idade, talvez reformado, com dificuldade em preencher o impresso do registo mais o cartãozinho cor-de-rosa do aviso de recepção, a pedir ajuda e a senhora funcionária que não podia, que muita gente na fila, e lá se foi o homem com cara de terror e os papéis na mão para preencher sabia lá ele como.
Chegou a minha vez ao som do apito de um quadro com letras electrónicas
- Este é correio azul e este é normal. e a senhora simpática, faladora, sem que eu lhe perguntasse o que fosse, que tinha pena mas não podia ajudar as pessoas a preencher os impressos - Não podemos; sabe que o computador dos tickets é que manda e se não for eu a atender as pessoas é outra colega e … sabe como é!
Eu, que agora sei como é, mas antes não sabia
-Pois claro, pois claro! ainda a pensar no homem a tentar descobrir o que será um remetente e quanto ganhará a senhora por cada cliente (chamamos-nos assim) que atenda.-------
O país está em crise e diz-se que é por falta de produtividade; que os portugueses trabalham pouco e que ganham demais para o que produzem.
Talvez seja verdade, ou talvez apenas seja necessário que todos façamos um pouco mais do que nos compete ou pelo qual somos pagos: um pouco de altruísmo, digamos, mas há algo que me confunde.
Sabemos que as estações de caminho-de-ferro já não têm chefes-de-estação, nem agulheiros, nem vendedores de bilhetes; dúvidas? Olhe para os painéis informativos, tente perceber a tabela de preços (e que não apareça o fiscal – que hoje é fiscal no metro mas amanhã estará de plantão à porta de uma fábrica de bolachas ou, com sorte, no terminal de chegadas do aeroporto ou, maravilha das maravilhas, a porta da Women Secret no centro comercial), ou então carregue no botão e espere um pouco para falar por uns buraquinhos de passe-vite com uma voz de menina que ontem esclarecia dúvidas sobre colchões e amanhã atenderá dúvidas sobre tarifários de telemóvel.
Sabemos que as estações de correios já não têm funcionários que ajudem as pessoas a preencher impressos e ouçam 2 minutos de queixas da artrose, mas conseguem explicar com enorme eficiência as ofertas de produtos (chamam-se assim) financeiros da empresa ou de que fala o último livro do Paulo Coelho.
Sabemos que desaparece gente de cada vez maior número de serviços e a que ainda existe é cada vez mais igual a toda a outra gente que ainda existe noutros serviços e que muito bem podia trabalhar nestes.
Se tudo está a ser substituído por máquinas eficientes e profissionais indiferenciados cada vez mais eficientes, pergunto: estamos em crise porquê??
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