Páginas inesquecíveis


Extracto de “O chão que ela pisa” de Salman Rushdie



«A honestidade na vida não é a melhor política. Só, talvez, na arte.


A morte não é a única partida e, no meu novo papel de fotógrafo de partidas, desejava documentar algumas partidas mais quotidianas. No aeroporto, espiando o desgosto das despedidas, eu buscava o único rosto sério no meio da chorosa multidão. À saída dos cinemas estudava os rostos daqueles que saíam dos seus sonhos para a dura realidade, com os olhos ainda cheios de ilusões. Procurei encontrar histórias e mistérios nas idas e vindas nos átrios dos grandes hotéis. A partir de certa altura deixei de perceber porque é que fazia tais coisas e foi a partir daí, creio eu, que as fotografias começaram a ser melhores, porque deixaram de ser a meu respeito. Tinha aprendido o segredo de me tornar invisível e de desaparecer no meu trabalho.»

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