O nosso reino, valter hugo mãe, temas e debates

Ando a ler este livro com um atraso de dois anos e suspeito que não vou conseguir acabá-lo. Não porque seja difícil, ou terrível, ou triste, ou alegre, ou isto, ou aquilo; apenas porque não quero deixá-lo.

Estou no bom caminho: ainda não comecei o segundo capítulo, página 27. Mas já acabei o primeiro, várias vezes.

Não sei descrever o que me parece este livro. Deixo apenas uns recortes do pouco que já li, várias vezes: o primeiro capítulo.

se estivemos juntos, foi pelo funeral da minha avó. acabado que estava o dia voltávamos para cada casa sozinhos e separados novamente, impedidos de julgar asneiras por coisas certas os dois ao mesmo tempo. haveria de ser à vez, cada um na sua vez, a decidir pelas asneiras. o que facilitava a vida dos adultos.

fechei os olhos no caminho, mão dada à minha mãe a puxar por mim aos esticões.

e o manuel estava à porta da sua casa, comprometido, a silenciar algo. pela primeira vez vi-o como um estranho, outra pessoa, não outra pessoa que não ele, mas simplesmente uma outra pessoa, não eu

eu não posso ir, tu sabes que a minha mãe está muito doente, agora piorou, e o meu pai resolveu que vamos à missa mais tarde. iam à missa dos pecadores, dos que se atrasam, dos que não querem ir.

jurei que o manuel me abandonou naquele dia, não fui eu, não foi coisa da minha cabeça. deixou de me fitar, agarrou no portão como se se protegesse contra mim, e silenciou-se de vez, como quem não me falaria mais, fechado sobre si mesmo para me deixar fora da sua vida. e eu fui, passei em corrida pela minha mãe, caí, abri os joelhos de feridas, e magoado corri de novo

a chuva (...). mal a vi, começara naquele exacto instante em que avistei o rochedo, e a ele assomei na minha corrida sem hesitações, como um cavalo, e voei até à água que bateu no meu corpo adormecendo-o.

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