
Se um poema existe apenas na leitura, então, devo dizer que há poemas sem sentido. Nada. Não apontam nada, sítio nenhum. Uma coisa inútil. Uma lástima. Claro que ao poeta (o autor, o criador) não se lhe podem assacar responsabilidades. Não acho que seja questão de ter ou não ter respeito pelo poeta. Como em poucas actividades, não é fácil (pelo menos a mim) descobrir um falsário. Aí talvez fizesse sentido a questão do respeito ou desrespeito. Não é o caso. Não é fácil, mas também não é impossível. A poesia é liberdade, arrisco: do poeta e do leitor; estão muito bem assim cada um no seu fazer e se o acaso aparece de permeio, seja bem vindo. Cito George Oppen que numa entrevista, falando de Ezra Pound (que dizia que a poesia devia ser tão boa como a prosa) disse mais ou menos o seguinte: "a poesia deve ser tão boa como a prosa, etc." Esta era a frase de Pound à qual Oppen acrescenta: "deve aliás ser tão boa quanto o silêncio absoluto". Acrescento que George Oppen fale...