Rimas idiomáticas
Tropecei por estes dias num fragmento (5 tercetos) de um poema de António Nobre. O poema, inserido em Despedidas - António Nobre (1902) , tem uma estrutura rímica engraçada. Algo como: ABA BCB CDC DED EFE ... Todos partiram, todos fugiram. Os ladrões assaltaram-me á estrada Quizeram-me matar. Não conseguiram. Ninguem me resta, não me resta nada! Fui enganado nos meus leaes amores. Já tive de salvar a minha vida á espada. No meu jardim semiei lilazes, Passado tempo vi nascer ortigas; Cada dia que nova dôr me trazes? Lavrei canduras e colhi intrigas, Nasceram odios onde puz perdões. Não digas mais meu coração! não digas Procreei gigantes vi nascer anões, Plantei nesta alma vinhas da piedade E vindimei, Senhor! Ingratidões! Agora reparai na rima do primeiro ("No meu jardim semiei lilazes") e último ("Cada dia que nova dôr me trazes?") versos do terceiro terceto, e de como rimam idiomaticamente com "Fui enganado nos meus leaes AMORES." "Lilazes" por...