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A mostrar mensagens de setembro, 2008

A delicada arte de soltar (*)

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«Atingir o alvo é algo secundário para os kyudokas, pelo menos inicialmente. Na arte tradicional japonesa de tiro ao arco, o período formativo de um arqueiro é passado a conciliar a técnica, o físico e o espírito. Os entusiastas do "arco e flecha" necessitam, acima de tudo, de duas qualidades: perseverança e paciência.» «Com o seu dedo indicador, Akira Sato desenha uma linha no tampo da mesa. Segue até uma extremidade que designa o alvo, o qual Sato determina por si próprio, apesar de saber que talvez nunca o atinja, pelo menos, a longo prazo. Porque o kyudo, uma arte tradicional de arco do Japão, é uma disciplina exigente, até mesmo para um professor altamente respeitado como é o seu caso.» (*) Parece tudo muito estranho e incompatível com aquilo a que se chama "sucesso", mas nem sequer foi esta estranheza que me chamou a atenção; foi coisa de linguagem, coisa de palavras. Aparentemente, há uma gralha no texto: "apesar de saber que talvez nunca o atinja [o al...

A imortalidade

Artes, engenho, mera força e no entanto a luz emudecente como fragmentos de livro para um léxico incompleto. Logo a apneia involuntária assustadora como se aparecesses mas efémera porque não. Deste alívio se pressente então possível uma validade insubmissa como se o tempo não trespassasse tudo a ver-se mas tu nunca chegares. Caminha-se com ele mas não há desarranjo nos relógios ou nas sirenes das fábricas nem desânimo nas aves que migram. E no entanto a sombra de tudo perfeitamente como é de ser: alfabetos vivos e mortos, até dicionários sem serventia, bibliotecas imensas de saber: um universo de sombras de perfeitas engrenagens. David Augusto Fernandes