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A mostrar mensagens de junho, 2005
CRIAÇÃO Enquanto não for possível dizer: aí, aqui; com as mãos em palmas, bem abertas, continuamos a afastar a água minuciosamente. Talvez saibamos distinguir azul de amarelo sem a lâmina que desconcerta o verde, que não cessa de se lhes insinuar - como um céu em queda abrupta e fina de tão leve ameaça travessia. A horas determinadas por uma luz inimiga hão de ver-se formas como formas de corpos unidos, invejáveis. Ainda assim, talvez saibamos distinguir azul de amarelo: búzios, latas de refrigerante, algas seres secos, cacos de telha impossível de um lado; e alguém a enganar-se: tudo morto, do outro.
minutos depois o horizonte aos poucos vou sabendo mais: menos e menos e pouco antes de saber tudo: nada, ainda então será viver: última ciência. por isso, quando minutos-depois-o-horizonte de onde se avistam muitos mais barcos vivos e se vence ou esquece o horror a gaivotas, não me faltes; dar medida ao inconcebido é como cortar a mão que resta sem auxílio. depois, sim, não mais um-dia, ainda que promessa, pois que em um-dia o tempo inteiro. david fernandes