George Oppen - 100 anos


Faria amanhã, 24 de Abril, 100 anos. Chama-se George Oppen e é um homem e um poeta extraordinário.

Filho de um muuuuito abastado comerciante de diamantes, nunca precisou da massa do papá. A mãe suicidou-se tinha ele 4 anos, o pai casou segunda vez e pelos vistos a madrasta não era flor que se cheirasse. Isto marcou-o para sempre.

Foi expulso do liceu e na universidade, apaixonou-se (para toda a vida) por Mary Colby mas logo na primeira saidinha à noite chegaram tarde demais. Ela foi expulsa, ele suspenso.

Casam, abandonam a universidade e a cidade (Oregon) e correm os Estados Unidos à boleia, fazendo ao longo do caminho pequenos trabalhos temporários aqui e ali.

É nesta época que escreve os primeiros poemas e, com a ajuda de uma pequena herança, fundam uma editora que pouco tempo depois falia não sem antes publicar obras de William Carlos Williams e Ezra Pound.

Início da década de 1930 e da grande depressão. Em face dos problemas sociais e do crescimento do fascismo, tornam-se cada vez mais politicamente activos acabando por se filiarem no Partido Comunista e Oppen, não querendo correr o risco de escrever versos de propaganda, "deixa" a poesia.

Desiludido com a política em geral e o Partido Comunista em particular e querendo participar na luta contra o fascismo, alista-se como voluntário sendo mobilizado para a II Guerra Mundial onde serviu na Linha Maginot e nas Ardenas. É ferido com gravidade e regressa aos Estados Unidos momento em que lhe é atribuída a Purple Heart.

Depois da guerra, trabalha como carpinteiro e construtor de pequenos barcos e embora em termos políticos praticamente inactivos, o seu passado atrai as atenções do comite do Senado presidido por Joseph McCarthy e exilam-se no México onde criam uma pequena empresa de fabrico de mobiliário. Embora exilados, continuam sob vigilância das autoridades Mexicanas e do FBI.

Só em 1958 podem regressar aos Estados Unidos e é nesse momento, 25 anos depois, que volta a escrever poesia.

Em 1969 ganha o Prémio Pulitzer para poesia mas a partir de 1977 torna-se praticamente impossível escrever devido à doença de Alzheimer que se agravava.

Morre de pneumonia e complicações originadas pela Alzheimer no dia 7 de Julho de 1984.

É um homem cuja vida faz acreditar que o Homem é possível e um poeta absolutamente imperdível para quem acha que a poesia não é só "flores" e pode ser também Objectiva; e é pena que não existam traduções editadas em português.

Informações sobre as iniciativas do centenário que se multiplicam, sobre a sua vida e obra podem facilmente ser encontradas numa busca rápida ali no Google sabe-tudo.

Comentários

Anónimo disse…
Parece que uma tradução está a caminho... Disse-me um passarinho ;)

Eu fico aqui, à espera.

Mensagens populares deste blogue

“Não existem monstros e a natureza é uma só" (1)

Dos pés à cabeça

Mãe